UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

terça-feira, 1 de março de 2016

Mas um Alerta para ‘homicídios invisíveis’ de jovens negros..

 Eles foram vítimas de 30 mil assassinatos em 2012; do total de mortes, 77% eram negros, o que denuncia um genocídio silenciado de jovens negros, afirma Atila Roque, da Anistia Internacional
Nos últimos dois anos, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão do governo estadual, os homicídios voltaram a cair em agosto e setembro, após 20 meses de altas seguidas. Em setembro, a queda foi de 9,5% em comparação com o mesmo mês do ano passado.

— Mesmo assim, o Rio ainda precisa intensificar suas políticas. Muita criatividade está surgindo nesses territórios mais pobres, e queremos aproveitar isso, dar ênfase à juventude da periferia. Há várias histórias interrompidas. É como se o jovem negro pobre estivesse destinado a morrer — diz Átila Roque.

Elaborado em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e a pedido do governo federal, o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014 apontou que a taxa de jovens negros assassinados por 100 mil habitantes subiu de 60,5 em 2007 para 70,8 em 2012. Entre os jovens brancos, a taxa de vítimas de homicídio também aumentou: de 26,1 para 27,8.

Os números surpreendem e são um reflexo de uma "cultura de violência marcada pelo desejo de vingar a sociedade", conta Atila Roque, diretor-executivo da base brasileira da Anistia Internacional. De acordo com os últimos levantamentos feitos pelo grupo, 56 mil pessoas
foram assassinadas em solo brasileiro em 2012, sendo 30 mil jovens e, entre eles, 77% negros.

Esses índices, segundo ele, são resultado de uma política de criminalização da pobreza e de uma indiferença da sociedade em torno de um "genocídio silenciado" que muitas vezes fica impune. "Entre 5 e 8% dos homicídios no Brasil chegam a virar processo criminal.

— Os dados ainda são escandalosos. Mas o problema parece que não entra na agenda política nacional. O objetivo da campanha é tirar esse tema do armário. Hoje, tudo leva a crer que a sociedade não se importa com isso — afirma o sociólogo Átila Roque, diretor executivo da
Anistia Internacional no Brasil e um dos coordenadores da campanha Jovem Negro Vivo.
Para quem vai ao Aterro passear ou perder calorias extras, o duelo de grupos de passinho pode parecer só diversão. Mas a alegria da dança é uma das apostas da campanha para chamar a atenção para a vida de jovens da periferia que, como os acrobatas do passinho, são mais pobres, estão mais longe da escola e mais perto de situações de risco.

O lema da campanha é “Mais chocante que a realidade, só a indiferença. Você se importa?” Quem se importa com tantas mortes, pede a campanha, pode assinar um manifesto reivindicando políticas públicas mais efetivas no combate à violência e à mortalidade de jovens negros. Voluntários estarão no Aterro colhendo assinaturas.

A morte de policiais:

Os policiais são também presa fácil do crime, sobretudo fora de serviço. Assim, o Brasil é “um dos países em que os policiais mais morrem e mais matam”, diz o relatório. Só no ano passado, 490 oficiais morreram violentamente, um número que dispara até 1.770 se

considerarmos os últimos cinco anos. “A morte dos policiais em serviço é tão ou mais grave do que a vitimização fora dela. Embora o número tenha decrescido do ano passado para este, parece haver na sociedade uma aceitação natural da perda da vida do policial. Um Estado onde é natural que um policial perca a vida em razão da sua profissão é um Estado que está sob a lógica da barbárie”, reflete no relatório Rafael Alcadipani, professor de estudos organizacionais daEAESP/FGV. O fato de 75,3% dos policiais morrerem fora de serviço, a maioria durante seus bicos, ilustra, segundo os especialistas, a precariedade da polícia brasileira.

Contexto:
O Mapa da Violência tem um capítulo intitulado “A Cor dos Homicídios”, que detalha metodologia e evolução dos assassinatos de jovens negros de 2002 a 2012. Mostra, por exemplo, que na população total, as taxas de homicídio entre brancos caem 23,8%; entre
 negros, crescem 7,1%. Em 2002, proporcionalmente, morreram 73% mais negros que brancos. Em 2012, esse índice sobe para 146,5%.
O assa-ssinato de jovens negros é parte de uma estatística da qual o Brasil não se orgulha: a explosão da violência nos últimos 35 anos.

O país teve 56.337 pessoas assassinadas em 2012, o maior número absoluto de crimes desde 1980. A taxa de homicídios, que leva em conta o crescimento populacional, era de 11,7 homicídios por cem mil habitantes em 1980. Foi crescendo até 2003, quando chegou a 28,9.

A partir de 2003, começou a cair por causa das campanhas de desarmamento e de políticas que reduziram os homicídios em alguns estados. Recomeçou a subir em 2007, chegando a 29 por cem mil habitantes em 2012.

Dos 56 mil assassinatos registrados em 2012, mais da metade (30 mil) teve jovens como vítimas. E, se na população não jovem (menos de 15 anos e mais de 29 anos) só 2,0% dos óbitos foram causados por homicídio, entre os jovens os homicídios foram responsáveis por 28,8% das mortes acontecidas no período 1980 a 2012.

Um afro abraço.
fonte:oglobo.globo.com/noticias.terra.com.br

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Contos Africanos:O MACACO E O HIPOPÓTAMO

Em uma época muito antiga, quando as bananeiras produziam poucas bananas, existiam numerosos macacos.

Havia um deles chamado Travesso, que morava nas margens do rio.

O macaco Travesso possuía um grupo de bananeiras que lhe proporcionavam frutos suficientes para a sua alimentação, o que lhe trazia satisfação e orgulho porque os seus frutos eram os mais saborosos da região.


No rio habitava o hipopótamo Ra-Ra, que era o rei daquelas paragens.

A corpulência desse animal era notável e tão grande a sua boca, que podia tragar seis macacos de uma só vez.

Além disso, gostava imensamente de bananas e, especialmente as da propriedade de Travesso.
Ra-Ra resolveu roubar-lhe as bananas, apesar de não ser um ato muito bonito para um rei.

Ordenou então a todos os papagaios que as trouxessem para a sua residência.

Entretanto, o macaco não arredava pé do seu grupo de bananeiras, a fim de impedir que desaparecessem, furtados, os seus preciosos frutos.
Os papagaios logo encontraram este obstáculo sério e recorreram à astúcia para cumprir as ordens do rei.

Após uma conferência de várias horas estudando diversas soluções para resolver eficientemente o problema do roubo, concordaram em dizer ao macaco que seu irmão estava
muito doente e desejava vê-lo.

Quando Travesso recebeu a notícia, bom irmão que era, foi depressa procurar seu irmão doente.
Verificou logo que aquilo não era verdade.

Seu irmão estava gozando de boa saúde e, suspeitando imediatamente do que se tratava, voltou a toda pressa para perto de suas bananeiras.

Uma surpresa dolorosa o aguardava. Não ficara nem uma banana para semente. Enquanto lamentava sua perda aproximou–se um papagaio, dizendo-lhe:

— Oh!, irmão Travesso! Sabes que Ra-Ra, o hipopótamo, nos obrigou a roubar-te as bananas e depois não nos quis dar uma só!

— Ah! E’ assim? Então espera… Irei à casa de Ra-Ra e tirar-lhe-ei as minhas bananas! — exclamou o macaco.

A serpente» que é um animal invejoso, cheio de defeitos, dos quais o pior é o espírito de intriga, passou por ali por acaso quando o macaco falava e, ato contínuo, foi contar tudo ao hipopótamo.

— Está bem! — disse Ra-Ra. — Em tal caso ordeno ao Travesso que compareça aqui quanto antes.

A Serpente voltou ao lugar em que vivia Travesso e lhe deu a ordem de Ra-Ra, de modo que o macaco se pôs a tremer, pois, não era tão valente como as suas palavras pareciam revelar.

Era preciso obedecer e quando se dispunha a fazer a desagradável visita ao hipopótamo, ocorreu-lhe uma idéia.

Preparou com o maior cuidado uma boa quantidade de visgo, a cola que usava para caçar passarinhos, e untou-se com êle muito bem.

Feito isto encaminhou-se para a casa de Ra-Ra, à margem do rio.

— Disseram-me — disse-lhe o hipopótamo, ao vê-lo — que ameaçaste de vir recobrar tuas bananas. É certo que o disseste?

— De modo algum, senhor — respondeu Travesso. — Tanto minhas frutas como eu mesmo estamos à sua disposição.

O papagaio combinou com o macaco...
— Bem, fico muito satisfeito em ouvir estas palavras. Sem dúvida, quiseram fazer intriga e contaram-me essa mentira. Senta-te. Porém, procura fazê-lo de frente para mim e sem tocar em nenhuma das bananas que estão atrás de ti.

Assim fêz Travesso, apoiando çom força as costas, inteiramente untadas, contra as bananas.
— Disseram-me que sabes muitas histórias. Queres contar-me uma?

O macaco dispôs-se a satisfazer o desejo de seu soberano e lhe contou uma história muito interessante.

Enquanto isso não se esquecia de esfregar o corpo contra as bananas afim de que aderisse às suas costas o maior nòmero delas.

Terminado o conto , Ra-Ra disse-lhe:
— Obrigado. Podes sair, mas toma cuidado para saíres de frente para mim. Assim se deve fazer diante de um rei.
Nada podia favorecer melhor o macaco, que estava com as costas cheias das bananas que a elas se haviam colado.

O macaco viu o hipopótamo
Quando se viu fora da casa do hipopótamo, pôs-se a correr, ocultando-se.
Os papagaios não tardaram a descobrir a astúcia do macaco e foram correndo contar a Ra-Ra.

O hipopótamo, ao tomar conhecimento da notícia, teve tão grande ataque de raiva que virou de barriga para o ar, morrendo instantaneamente.
Então, os animais reuniram-se e, diante da inteligência do macaco, resolveram aclamá-lo soberano.
Ficou muito conhecido por sua esperteza e deram-lhe, então, o nome de Sua Majestade Travesso I, o Esperto.
E o seu governo foi sábio e prudente, durante anos e anos...

Um afro abraço.
(Trad. e Adapt. Leoncio de Sá Ferreira.)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Na Ditadura, Militares e os Heróis Negr@s : A União do Rebanho faz o Leão ir Dormir com Fome. (Provérbio africano)

A ditadura e suas facetas racistas e sexistas.
Com medo de que a luta pela igualdade racial crescesse à luz de movimentos internacionais como o Panteras Negras e se voltasse contra a polícia, a ditadura passou a seguir os passos

de militantes e reuniões do embrionário movimento negro brasileiro
.
Na conferencia municipal do estado do Rio de Janeiro de 2015, eu tive o desprazer e ouvir a uma facilitadora dizer que o movimento negro não estava organizado e não participou da ditadura entra ai vai: - Para
  mais um registro e não esquecer nossos negros  heróis e heroínas desta nação e  pela tentativa de nos manter invisíveis,  nós estamos vivos e crescendo cada vez mais. Nosso respeito ao militante negro Osvaldo Orlando da Costa (Osvaldão), à Helenira Rezende de Souza Nazareth (Preta, Fátima); Dinalva Oliveira Teixeira (Dina), Lucia Maria de Souza (Sônia), Francisco Manoel Chaves (marinheiro),Dra Claete e muitos outros desconhecidos e desaparecidos....

"Quando se pensa em ditadura militar e necessário pensar no quanto este momento deve ter sido tempos de terror para os militantes dos diversos segmentos sociais"

Fazendo uma leitura desta fase política e comparando com a atualidade é possível imaginar o quanto mulheres, negros, homossexuais e militantes de esquerda devem ter sofrido com humilhações e torturas.


A ditadura perseguiu os militantes e as reuniões do movimento negro desde o inicio, como uma forma de não deixar nascer um suposto movimento Panteras Negras, contudo no Brasil não cresceu desta forma, mas conseguiu atacar com as armas que tinham o regime existente.
Além disso, a perseguição contra as mulheres foi brutal e demasiada, mas elas se mantiveram no movimento. Para Maria Amélia de Almeida Teles falar de mulher e ditadura é lembrar-se das crianças sequestradas, abandonadas, torturadas ou nascidas nos centros clandestinos da repressão.

E não esquecer que uma das formas de atingir estas mulheres é através da violência sexual e contra seus filhos:
Registrar que houve o estupro como prática de tortura nos órgãos de repressão durante a ditadura militar é o começo para desvelar os horrores cometidos contra as mulheres e as crianças durante a ditadura. (TELES, 2014)

Documento de 24 de outubro de 1979 mostra como o IV Exército, no Recife, descrevia um

foco de “problemas”. “A partir de 1978 apareceu um novo ponto de interesse da subversão no País, particularmente nos estados do Rio de Janeiro e, com mais ênfase, na Bahia: a exploração do tema racismo, procurando demonstrar a sua existência e colocar o negro brasileiro como motivo de discriminação”, diz o texto de sete páginas.

O relatório nunca antes divulgado revela que o “método” utilizado para a obtenção das informações deu-se pela “infiltração em entidades dedicadas ao estudo da cultura negra, por meio de palestras em reuniões e simpósios”, como a IV Semana de Debate sobre a Problemática do Negro Brasileiro, em abril de 1978 na Bahia. A temática das palestras, segundo os militares, tratava de temas como “a tão falada democracia racial não passa de um mito”, “o racismo no Brasil é pior do que no exterior, porque é sutil e velado”, “a existência da Lei Afonso Arinos, contra o racismo, é prova de que ele existe”, “a Abolição da Escravatura foi imposta pelas necessidades da economia capitalista e não por uma preocupação sincera com a situação do negro”.

O documento havia sido solicitado em 11 de junho, por meio da Lei de Acesso à Informação, ao Comando do Exército, que oito dias depois respondeu não possuir arquivos sobre o monitoramento de ativistas negros. A Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou, no entanto, o relatório no Arquivo Nacional, em Brasília. Segundo o ouvidor-
adjunto da CGU, Gilberto Waller, esta é a primeira vez que se encontra um documento confidencial elaborado exclusivamente para tratar do tema, quando o que se via até então eram trechos e citações a outros textos. “Vemos que o Estado se preocupou com o movimento negro a ponto de ter classificado as informações”, explica. “Na visão da CGU, em termos de acesso à informação, é um grande ganho conseguir algo de valor histórico tão relevante.”

O relatório, cujo rodapé alerta: “Toda e qualquer pessoa que tome conhecimento de assunto sigiloso fica, automaticamente, responsável pela manutenção de seu sigilo. Art. 12 do decreto no 79.099, de 6 de janeiro de 1977”, cita a mobilização nacional em torno da formação do

movimento contra a discriminação racial. “Os grupos do Movimento Negro de Salvador são: Ialê, Malê, Zumbi, Ilialê, Cultural Afro-Brasileiro. Esses grupos apresentaram, no dia 8 julho de 1978, ‘moção de solidariedade aos integrantes do movimento paulista contra a discriminação racial, pelo ato público antirracista do Viaduto do Chá’”.

O ato, segundo a socióloga Flavia Rios, autora da tese Elite Política Negra no Brasil: Relação entre movimento social, partidos políticos e estado, diz respeito à marcha que saiu naquele dia do Viaduto do Chá em direção ao Teatro Municipal para a criação do Movimento Unificado contra a Discriminação Racial, que mais tarde se tornaria o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial. “Ele é formado por ativistas de várias regiões do País, tem essa característica nacional”, conta a também coautora da biografia sobre a militante negra Lélia Gonzalez. “Havia uma preocupação da ditadura de que ideais do movimento armado Panteras Negras, por exemplo, e da luta dos direitos civis americanos pudessem chegar aqui. Por isso, o regime acompanhou vigilantemente manifestações políticas e encontros.”

O informe até pouco considerado inexistente fala ainda sobre uma “campanha artificial contra a discriminação no Brasil” e lembra que, “em virtude das restrições políticas”, o Movimento Negro de Salvador passou a realizar reuniões paralelas e a adotar organizações celulares, com base nos “centros de luta”, compostos de três integrantes. A capital baiana teria sete desses centros, cuja função era “mobilizar, organizar e conscientizar a população negra nas favelas, nas invasões (de terras urbanas), nos alagados, nos conjuntos habitacionais, nas escolas, nos bairros e nos locais de trabalho, visando a formar uma consciência dos valores da raça”.

Além do encontro nacional do Movimento Negro de Salvador, entre 9 e 10 de setembro de 1978, no Rio de Janeiro, os arapongas descrevem a Terceira Assembleia Nacional do Movimento Negro Unificado, em 4 de novembro de 1978, na capital baiana, com militantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Citam o Congresso Internacional da Luta contra a Segregação Racial entre 2 e 3 de dezembro de

1978, em São Paulo. E relatam o ciclo de palestras do Núcleo Cultural Afro-Brasileiro, no segundo semestre de 1978 em Salvador, do qual participaram opositores como o deputado federal baiano Marcelo Cordeiro e o paulista Abdias do Nascimento, professor emérito na Universidade de Nova York. Além do acadêmico, são citados militantes monitorados como José Lino Alves de Almeida e Leib Carteado Crescêncio dos Santos, além do senador baiano Rômulo Almeida e “agitadores angolanos no movimento negro, caracterizados como refugiados da guerra civil”.

Em relação ao teor da agenda do Movimento Negro à época, os repressores ressaltam que a pauta era composta de pontos como a necessidade de se contestar o regime, aprofundar o engajamento no movimento pela anistia, projetar no exterior a imagem do “mito da democracia racial brasileira”, buscar dar fim à sua marginalização na sociedade e à maior proporção de negros nas penitenciárias.

1)Reparar os danos causados: oferta de reparações pecuniárias e simbólicas para os perseguidos políticos ou para as famílias dos mortos e desaparecidos;

2) Investigação dos fatos e responsabilização jurídica dos agentes violadores (direito à justiça): investigar, processar, apurando responsabilidades, sobretudo as dos agentes públicos, e punir violadores de direitos humanos;

3) Direito à verdade e acesso a informações:revelar a verdade para vítimas, famílias e toda a sociedade, possibilitando a efetivação do direito à memória por meio de um acesso total e irrestrito aos arquivos e dados produzidos durante a ditadura (direito de acesso à informação e abertura completa dos arquivos públicos);

4) Políticas de memória e fortalecimento das instituições democráticas: cultivar uma memória pública e democrática, constituída desde as narrativas das vítimas e com a participação direta destas. Nesse campo, outras medidas também são importantes, tais como retirar nomes de violadores dos direitos humanos de ruas e lugares públicos; e

5) Reforma das instituições: fazer esforços na mudança da cultura institucional e da dinâmica de atuação dos órgãos do Estado, sobretudo das forças de segurança, dos aparatos judiciais e de outros organismos que foram utilizados pela repressão. Uma medida comum nesse ponto é afastar os criminosos de órgãos relacionados ao exercício da lei e de outras posições de autoridade, processo conhecido como expurgo ou lustração.

( QUINALHA, 2014)

-"Estima-se que aproximadamente 42 dos 434 mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura eram negr@s..."

A Tod@s vocês:
 Presente! 
Presente!
Presente! 

fonte: www.cartacapital.com.br/sociologaelisiasantos.blogspot.com/CUNHA, Luis Cláudio. O papel feio da mídia na ditadura de 1964. Observatório da imprensa.Ed. 574. 26 de janeiro de 2010/QUINALHA, Renan Honório. Uma ditadura contra a liberdade sexual: a Justiça de Transição com recorte LGBT no Brasil. São Carlos/SP:EdUFSCar, 2014).TELES, Maria Amélia de Almeida. Mulheres e Ditadura Militar.10. RIDH | Bauru, v. 2, n. 2, p. 9-18, jun. 2014.SILVA, Juremir Machado da. Jango e as raízes da imprensa golpista. Carta Capital, edição de 28 de março de 2014.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

As facetas de Solano Trindade...

- "Dos escritores negros que deixaram sua marca na literatura brasileira, Solano Trindade foi um dos mais significativos. Isso porque foi o primeiro, e talvez o mais contundente a se dirigir, não impessoalmente a toda a população, mas também, particularmente à população negra, descrevendo os mais graves problemas sociais vividos pelos negros brasileiros, e dos quais se tornou um dos mais ilustres artistas." 

Historia:     - Filho do sapateiro Manuel Abílio Trindade, foi operáriocomerciário e colaborou na imprensa . Solano Trindade nasceu em Recife(PE) em 24 de julho de 1908 —  Faleceu no Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1974) foi um poeta brasileiro, folclorista,pintor, ator, teatrólogo e cineasta.

No final da década de 1920, Solano Trindade torna-se protestante, onde conheceu Maria Margarida Trindade, que era presbiteriana, do seu casamento com Maria Margarida nasceram seis filhos, dois mortos prematuramente e um assassinado pela ditadura militar após o golpe de 1964. Solano teve uma ação importante na igreja, chegou a ser diácono da Igreja Presbiteriana, fazia poemas e citava trechos bíblicos com facilidade, voltado principalmente para o Gólgota e os apóstolos Pedro, Tiago e João evangelista.



- Decepcionado com o distanciamento do protestantismo com as questões sociais, incluindo a discriminação contra os negros, ele deixa a igreja, justificando sua saída com um versículo da própria Bíblia: “Se não amas a teu irmão, a quem vês, como podes amar a Deus, a quem não vês?

No ano de 1934 idealizou o I Congresso Afro-Brasileiro no Recife,Pernambuco, e participou em 1936 do II Congresso Afro-Brasileiro em Salvador, Bahia.
Mudou-se para o Rio de Janeiro, nos anos 40 e logo depois para a São Paulo, onde passou a maior parte de sua vida no convívio de artistas e intelectuais. Participou de um grupo de artistas plásticos com Sakai de Embu onde integrou na produção artística a cultura negra e tradições afro-descendentes. O poeta foi homenageado com o nome em uma escola e uma rua na região central do município.

1936. Solano funda o Centro Cultural Afro-Brasileiro e a Frente Negra Pernambucana, uma extensão da Frente Negra Brasileira. Publica os seus Poemas Negros. Cena 3: Inquieto, Solano viaja para Minas Gerais e depois para o Rio Grande do Sul, onde cria, em Pelotas, um Grupo de Arte Popular. O homem de andar manso, cabeça cheia de planos e energia inabalável foi depois para o Rio de Janeiro. Em 1944 publicou o livro Poemas de uma Vida Simples. Em 1945, junto com Abdias Nascimento, criou o Comitê Democrático Afro-Brasileiro. Com Haroldo Costa fundou o Teatro Folclórico. Atuou em filmes como A hora e a vez de Augusto Matraga e O Santo Milagroso. Na cidade maravilhosa, Solano era freqüentador do Café Vermelhinho, onde se reuniam intelectuais, políticos, jornalistas, escritores e artistas de teatro. Ali era amigo de pessoas como o Barão de Itararé e Santa Rosa. Filiou-se ao Partido Comunista, as reuniões da célula Tiradentes ocorriam na sua casa.

Tragediaria no movimento politico...
Durante a perseguição aos comunistas, empreendida pelo governo Dutra, entram na casa

de Solano. Seu filho, Liberto, está deitado, doente. A polícia vira o colchão, à procura de armas, Exemplares de seus livros são apreendidos. A filha Raquel lembra: "Papai jamais esconderia armas. Sua luta era feita com idéias". Preso, ele não se abala. Raquel e a mãe, Margarida, percorrem as cadeias até encontrá-lo. Quando sai, Solano parece fortalecido. Embora tenha olhos tristonhos, seu otimismo é contagiante, nasce do seu amor pela arte e pela vida. Continua escrevendo, fazendo teatro e espalhando sonhos e esperanças por onde passa. O interesse de Solano pela cultura popular ia além da teoria: não se cansou de fundar grupos teatrais. Preocupava-se com o que chamava de folclore, com as danças populares. Dizia sempre que era necessário pesquisar nas fontes de origem e devolver ao povo em forma de arte. Sua experiência mais bem sucedida neste sentido foi o Teatro Popular Brasileiro, criado por ele, por sua esposa Margarida Trindade e pelo sociólogo Édison Carneiro em 1950. O TPB fazia uma leitura séria de danças como maracatu e bumba-meu-boi. Também promovia cursos de interpretação e dicção. Era formado por operários, estudantes, gente do povo. Convidado a ir à Europa, o TPB mostrou seu trabalho em vários países. De volta ao Brasil, Solano vem a São Paulo e é convidado pelo escultor Assis para apresentar-se no Embu. Leva todo o seu grupo. Dormem no barracão de Assis nos finais de semana, quando mostram sua arte para um número cada vez maior de pessoas. Participam da peça "Gimba", de Gianfrancesco Guarnieri e, em 1967, apresentam-se para um dos criadores da Negritude: Leopold Senghor. 

As faces do artista...
Solano apaixona-se pelo Embu, muda-se para lá e sua casa torna-se uma núcleo artístico. Embora na cidade já houvesse um movimento com artistas como Sakai e Azteca, é a atividade de Solano e Assis que faz surgir a feira de artesanato e revoluciona o local, aumentando o fluxo turístico. Solano chegou a ser conhecido como "o patriarca do Embu". A casa e o coração de Solano estavam sempre prontos para receber as pessoas. Na panela, havia comida para quem chegasse fora de hora. Ironicamente, no final de sua vida, vários desses amigos se afastaram, mas talvez este seja o cruel destino de alguns grandes criadores, de profetas e poetas assinalados. A poesia de Solano o marcou. Orgulhava-se ser chamado de "poeta negro".

 Foi comparado a importantes escritores como o cubano Nicolas Guilhén - de quem foi amigo - e o americano Langston Hughes. Na poesia afirma sua descendência, mostra orgulho: 

"Sou negro 
meus avós foram queimados pelo sol da África 
minh'alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs..."

Embora participasse de muitas atividades junto ao TEN, no ano de 1950 Solano fundou, ao lado de sua esposa Margarida Trindade e do intelectual Édson Carneiro, o Teatro Popular Brasileiro (TPB), grupo com sede na UNE, cujo elenco era formado por operários, domésticas e estudantes e que tinha como temática e inspiração algumas das principais manifestações culturais brasileiras, como o bumba-meu-boi, os caboclinhos, o coco e a capoeira. O grupo adaptava para o teatro números de dança e música da cultura popular afro-brasileira e indígena. Cinco anos mais tarde, o poeta criou o grupo de dança Brasiliana, que realizou, com destaque, inúmeras apresentações no exterior.

Em finais da década de cinquenta, Solano resolve fixar as atividades do Teatro Popular Brasileiro na cidade de São Paulo, na tentativa de aproveitar a intensa vida cultural da cidade. Nessa expectativa, muda-se para a cidade de Embu, localizada na grande São Paulo, onde lança o seu livro “Cantares do Meu Povo”. Entre 1961 e 1970, Solano viveu em Embu das Artes. Enquanto esteve por lá, transformou o município em um verdadeiro centro cultural, para onde foram diversos artistas que passaram a viver de arte. Na cidade, o TPB viveu a sua melhor fase, sendo que as apresentações do grupo eram sempre muito concorridas.

Solano foi o grande criador da poesia “assumidamente negra”, segundo muitos críticos. Os livros lançados por ele foram: “Poemas de uma Vida Simples”, 1944, “Seis Tempos de Poesia”, 1958 e “Cantares ao meu Povo”, 1961. Como ator, participou dos filmes “Agulha no Palheiro” (1955), “Mistérios da Ilha de Vênus” (1960) e “O Santo Milagroso” (1966). Trabalhou também como artista plástico, pintando quadros a óleo, sendo que um quadro do artista hoje faz parte do acervo do Museu Afro Brasil.

O artista adoeceu no início da década de 70, sofrendo de pneumonia e arteriosclerose, foi internado em diversos hospitais, até vir a falecer no Rio de Janeiro, em 20 de fevereiro de 1974. Atualmente, sua filha Raquel Trindade e seus netos são os responsáveis pela continuidade da sua obra. A família vive em Embu das Artes, onde há um teatro popular com o nome de Solano Trindade, além de uma escola e uma rua que homenageiam o poeta. No Rio de Janeiro foi criado em 1975 o Centro Cultural Solano Trindade e no ano seguinte, em São Paulo, a Escola de Samba Vai-Vai desfilou pelo sambódromo homenageando a vida desta importante personalidade da nossa cultura.

Concluindo...
Solano continua atual e revolucionário quando busca o entendimento entre a questão étnica e social, enquanto a esquerda perdeu tempo discutindo em qual área deveríamos investir esforços, sua prática estava na vanguarda, não se limitava somente ao discurso panfletário do denuncismo da exclusão de pobres e negros, mas a busca de afirmação num contexto de supremacia da elitista faz-se necessário uma postura de embate, e o impacto que a expressão “negros e carentes” tem na sociedade é certamente o que sempre Solano defendia em suas poesias. A herança escravocrata do discurso de que tudo associado ao

preto era associado ao mal, tal ideía foi internalizada pelos negros, sendo necessário hoje o desenvolvimento das políticas afirmativas. E a escolha do nome “negros e carentes” se propõe a afirmação da negritude, mas, assim como Solano, acreditávamos que a luta não se resumia somente à questão do racismo, mas a necessidade da construção da consciência de classe.

Um afro abraço.

fonte:antigo.acordacultura.org.br/Trindade, Solano. Cantares ao meu Povo. São Paulo: Editora Fulgor, 1961/

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O príncipe medroso...

A África dos contos Desde sempre, os habitantes da África converteram a história em lenda e
as anedotas em contos. A tradição oral do continente fez com que os contos e as lendas passassem de geração a geração, através dos séculos, sem serem escritos. Os griots os contavam, pais e mães, avôs e avós acabavam decorando-os de tanto ouvi-los e continuavam a transmiti-los aos mais jovens. Só no final do século xix e início do xx é que se começou a recolher a mitologia e os contos da África sob a forma de livros. Mesmo hoje, contar contos nas praças dos povoados, nos pátios das casas ou embaixo de uma árvore numa escola rural ainda é uma atividade comum em muitos rincões do continente africano. E os contos continuam bem vivos e mutantes. A mesma história pode ter diversas versões, dependendo de onde é contada e de quem a conta! Esta coletânea propõe uma viagem através de alguns contos da África subsaariana, de oeste a leste, de leste a oeste, chegando também até o sul e passando por algumas ilhas, atravessando lagos, rios e cachoeiras gigantes, desertos e montanhas. E propõe uma aproximação com diferentes tipos de conto: dos mais desconhecidos, como os de princesas e príncipes, até os mais familiares, como as fábulas de animais. — Um conto para quem? — Um conto para todos! — gritaram os que estavam prontos para escutar a vovó contadora de histórias. — E quem o contou? — O camaleão! — gritou um menino. — É verdade. Não existe ninguém que saiba mais histórias que o camaleão. Agora lhes contarei os contos com que ele me presenteou há muito, muito tempo...

Houve, há muito tempo atrás, um Rei que se descobriu precisando do desconhecido. Desesperadamente precisava do que ninguém sabia onde e do que ninguém sabia quando. Seus súditos, solícitos, ofereceram-lhe todos os melhores caminhos conhecidos, mas o Rei queria mais, queria o que ainda estava por acontecer.

Chamou, assim, os mais valentes cavaleiros de todos os Reinos e condados para que o levassem em busca do que ninguém ainda havia enfrentado.

O que se dizia mais corajoso, sendo mesmo chamado Príncipe das Coragens, fez corajosamente espalho em seu cavalo dourado, arrancando aplausos da corte, e se incumbiu de levar o Rei ao que ninguém nomeara ainda. Mas se ninguém lá estivera, não haveria palmas ou aplausos, não haveria fama ou glória. E a coragem do Príncipe delas mesmas viu-se não existir, pois, esvaziado da admiração alheia, o Príncipe diminuído viu-se mesmo correr para as multidões tão conhecidas, deixando o Rei no seu conhecido castelo.

Foi assim que entrou no Reino com a promessa de levar o Rei ao seu destino desconhecido Cara Valente, andarilho de todo esse mundo, que já tinha enfrentado todos os monstros e todos os guerreiros possíveis e falados. Cara Valente, que de cara já espantava pela valentia, seguiu com o Rei rumo ao que ninguém sabia ser. Assim não sendo, não tendo ao certo o que enfrentar, não tendo o que assustar com sua cara tão obviamente valente, Cara Valente se assustou e pela primeira vez na vida, e faltou-lhe a propagada valentia. Foi embora com uma cara de quem foge buscar outros monstros que lhe devolvessem a ousadia, pois ela não existia por si só, só em quando defrontada com o medo dos outros.

E assim foi, cavaleiro por cavaleiro, coragens pereceram diante do que ninguém sabia sequer o quê. O Rei, já desacreditado, morria de infinitas saudades do que ele nunca tinha chegado a ver.

Apresentou-se, porém, numa noite sem estrelas, um cavaleiro diferente. Vinha a pé pela estrada, sem cavalo branco, sem pompa, meio curvado, sem nenhum anúncio ou nenhuma propaganda. Chamavam-no Príncipe Medroso.

– Se tens medo, por que vieste? – perguntou o rei cansado de esperar o que ninguém acreditava existir.

– Exatamente por ter medo empreenderei nessa busca pelo que ninguém nunca encontrou.

– Mas se nem toda valentia resistiu ao que ninguém conhece, como queres enfrentá-lo com seu medo?

– Por saber-me medroso, enfrento-me todo o tempo. Desde o levantar até a hora que me deito travo infinitas batalhas dentro de mim, já tendo lutado mais que todos os cavaleiros dessas terras, e contra mim mesmo.

– És, então, corajoso, pois venceste todas essas batalhas?

– Não, só tenho a coragem suficiente para olhar nos olhos do meu próprio medo e sabê-lo
menor que a minha vontade.

– Achas, pois, que podes ir de encontro ao desconhecido?

– Eu o confronto a todo momento, porque tudo me é desconhecido. Nada entendo, nada sei antes. De tudo tenho medo e tudo enfrento, porque nada conheço.

E assim partiram a pé, Rei e cavaleiro, buscando o caminho para o que nenhum dos dois sabia saber.


Um afro abraço.


fonte:www.companhiadasletras.com.br/

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O Racismo na Cara dos EUA...

O mundo é um lugar estranho. Mais de 750 mil refugiados entraram na Europa em 2015, segundo a ONU. O Estado Islâmico matou 3,5 mil pessoas na Síria no mesmo ano, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos. O zika vírus deve atingir quatro milhões de pessoas na América, como aponta um relatório da Organização Mundial de Saúde. Mas apesar dessas várias crises humanitárias, uma marcha foi marcada em Nova Iorque, em frente à Liga de Futebol Americano,  para protestar contra Beyoncé.

O que ela fez? Cantou sua nova música, Formation, um hino que expõe o racismo nos EUA e o extermínio de negros pela polícia, durante o show de intervalo do Super Bowl, a final do campeonato americano, tradicionalmente a maior audiência da TV dos EUA.

Se liga: que esse ano atingiu a marca de 111,9 milhões de americanos – o equivalente a mais de 55% de todos os seres humanos que o IBGE diz viver no Brasil.

O escândalo que a performance de Beyoncé virou não existe fora de contexto. Os EUA vivem hoje sua eleição mais extremista em décadas. No Partido Republicano, a corrida presidencial é liderada pelo magnata Donald Trump, que defende vigilância sobre as mesquitas americanas, tortura para suspeitos de terrorismo, a deportação de 11 milhões de latinos e a construção de um muro separando o México dos EUA. Já no Partido Democrata, o “socialista” Bernie Sanders, que lidera as primárias até aqui, prega a criação de um sistema único de saúde público e ampliar a rede de universidades públicas do pais, o que é um crime para os ianques mais conservadores.

Foi nesse furação que Beyoncé subiu ao palco do Super Bowl com uma roupa que fazia referência a Michael Jackson e aos panteras negras, uma organização que pregava a revolução negra nos EUA. Junto com as dançarinas, todas de cabelo afro, Bey fez um grande “X” que foi lido como homenagem ao líder separatista negro Malcolm X. Tudo isso enquanto rebolava e cantava: “Eu posso ser um Bill Gates negro em progresso, porque eu mato”.

Todo o discurso de empoderamento negro causou reação. Uma campanha de boicote à cantora, à Liga de Futebol Americana e à Pepsi, que patrocinou o show, foi criada. A principal

voz conservadora contra a artista foi a do ex-prefeito de Nova Iorque Rudy Giuliani, famoso pela ampla campanha de combate à violência, para quem ela desrespeitou a polícia.

Voltando um pouco:
Antes da promulgação dos Direitos Civis, havia um odioso racismo nos Estados Unidos, principalmente nos estados do Sul. Hoje ainda há, mas num grau muito menor do que na década de 60 do século passado.

Tal como o Apartheid, o racismo era legalizado em alguns estados como a Geórgia, mas hoje, em todos os estados, não há mais leis racistas.

Isso não impede a existência de casos de preconceito racial no domínio dos costumes, mas estes estão diminuindo, como mostra a mídia.
No entanto, a grande mídia esquerdista exagera e distorce os fatos mostrando o racismo como uma verdadeira praga nacional.


- Os suspeitos  abordados eram negros e pobres O que sempre diz mais sobre o nosso tipo de sociedade á cor não pode ser índole pessoal.

É preciso acrescentar que os negros são atualmente 12% da população americana, mas cometem 7.000 assassinatos por ano. E o que é mais grave: 75% dos negros abandonam seus filhos  que passam a engrossar o contingente de meninos de rua... 
- Na maior potencia mundial? Porque será?

 Fato:Em 2013, nas alegações finais do julgamento do segurança George Zimmerman, que seria absolvido das acusações de homicídio em segundo grau e de homicídio involuntário do adolescente Trayvon Martin (na noite de 26 de fevereiro de 2012, em Stanford, Flórida), o advogado de defesa, Mark 0'Mara, colocou dois bonecos de cartão em tamanho real, em frente da bancada do júri. Um dos bonecos representava Zimmerman, 29 anos, medindo 1,70 m e pesando mais de 90 kg, e o outro Martin, 17 anos, com 1,75 m de altura e 71 kg de peso.


Se você acha que o racismo não é mais um tema tão relevante, como chegou a ser dito sobre Beyoncé nos EUA, deixe eu lhe contar um história. Como centenas de pessoas, eu participei do Carnaval   festa  extremamente democrática por ser gratuita e todo mundo poder participar...

A superavaliação da idade das crianças negras começa antes mesmo dos l2 anosUm estudo publicado em 2014 no Journal of Personality and Social Psychology que, há tempos, publicou estudos racistas sobre crianças negras - associou a maior utilização da força pela policia contra crianças negras à percepção generalizada de que, aos 10 anos, estas são menos inocentes do que as crianças de outras etnias. O estudo citava igualmente o Serviço de Dados sobre a Educação, segundo o qual,nas escolas, os alunos negros têm mais probabilidades de serem severamente castigados do que os alunos com pele de outra cor que cometam as mesmas infrações.

"Logico que a minha experiência empírica  que é a da maioria dos foliões negros não prova nada sobre como a violência tem cor no Brasil. Mas se você quiser um dado concreto, em maio do ano passado a Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República divulgou um relatório segundo o qual um jovem negro tem 2,5 vezes mais chances de ser assassinado do que um branco no País."

Parte dos argumentos usados contra Beyoncé dizem que ela deveria se ocupar mais como

uma entertainment, do que em fazer política. Claro, uma das coisas que fazem a música pop ser tão importante para o imaginário popular é que ela pode nos fazer cantar e dançar, extravasando a realidade. Mas ela tem outro lado tão bonito quanto de nos fazer enxergar nossos preconceitos e injustiças, provocando nossa sociedade a avançar. E é por isso que essa coluna sobre música pop pode falar sobre racismo pra lhe lembrar que não faz diferença se você é preto ou branco, menino ou menina.

- Se trata  apenas de uma música de exaltação? - Com os quase cinco minutos de clipe, Beyoncé deixa mais claro aonde quer chegar com Formation.


 Mixados com os símbolos do orgulho negro estão os símbolos da vergonha do histórico racismo americano. Beyoncé veste os trajes das amas brancas dos tempos de escravidão. Beyoncé se refere aos brancos como “albino alligators” (jacarés albinos). Beyoncé exibe um garotinho negro dançando com graça diante de um pelotão de policiais brancos. Beyoncé estende uma capa de jornal com o rosto de Martin Luther King. Beyoncé estampa uma parede com a pichação “Stop shooting us!”, numa alusão ao movimento “Black lives matter”, que combate a violência policial contra negros nos Estados Unidos. A rapper transexual Big Freedia também empresta sua voz vigorosa só para lembrar dos negros que não são heterossexuais. A própria data de lançamento do clipe - um dia depois do aniversário de Trayvor Martin, o garoto negro que foi assassinado na Flórida em 2012 basicamente por usar um capuz - não foi aleatória. Beyoncé cobriu, com o clipe, todos os pontos sensíveis à discussão racial nos Estados Unidos - discussão que, nem de longe, foi encerrada com a eleição de Barack Obama ou com os protestos de Ferguson.

-"O movimento negro ainda tem muito o que lutar pra acabar com o racismo nos EUA ou até mesmo aqui no Brasil , esse fato está muito transparente . - Parece que ao mesmo tempo de tantas   conquistas  e avanços foram feitos,  mais ainda estamos tão longe do que é necessário para que tod@s tenha realmente direitos iguais, independente da sua cor de pele. Se Martin Luther King Jr  ainda fosse vivo certamente  estaria na rua, revoltado, marchando de Ferguson a não sei onde com todas estas mortes sem sentido".


Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:Temporarily Unavailable/www.brasilpost.com.br/epoca.globo.com/

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