UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sábado, 30 de janeiro de 2016

Índios e Negros se Unem no Amazonas Contra o Racismo...

A região Amazônica apresenta peculiaridades populacionais e geográficas / ambientais que a tornam diferente das demais regiões do país.
Em 1865 o conhecido zoólogo e geólogo do século XIX Louis Agassiz veio para o Brasil comandando a Expedição Thayer (apenas para esclarecer, Agassiz era um convicto racialista e racista que defendia as ideias do que seria conhecido por Eugenia, e seus registros da população negra/miscigenada tinham como intenção corroborar com suas teorias racistas), porém o registro produzido pelo fotógrafo oficial da expedição quando da passagem por Manaus, hoje tem um efeito positivo, ajudar a desconstruir a falaciosa ideia de que "na Amazônia a escravidão negra e a notada presença populacional afro, não existiram ou foram ínfimas", abaixo fotos feitas na época com parte dessa população invisibilisada pelo senso comum:

o ponto de vista histórico, a presença negra no estado também é evidenciada, o Amazonas teve aporte de escravos oriundos do Pará e Maranhão, verificável em documentos e relatos de época, bem como em consequências culturais no estado como o tambor de mina e o boi-bumbá , o Amazonas foi o segundo estado do país a abolir a escravidão (4 anos antes da lei Áurea de 1888) após uma campanha abolicionista de 16 anos largamente documentada, teve a AFRICAN HOUSE e no pós-abolição conhecidos “bairros negros” como a Vila São José (onde hoje é a praça da saudade) , seringal mirím , a tradicional praça 14 e o Zumbi dos Palmares, teve também o primeiro governador Afro-descendente do Brasil (Eduardo Ribeiro) em fins do séc. XIX, presença histórica de negros barbadianos e seus descendentes. Recentemente começaram a ser mapeados remanescentes de quilombos em áreas no interior (Manaquiri, Novo Airão, Rio Marau (Maués)

A presença negra na cultura do Amazonas apesar de costumeiramente negada é muito perceptível , basta observar por exemplo o enorme consumo de vatapá (comida típica de origem africana) em toda e qualquer festa, a própria manifestação cultural símbolo e orgulho da identidade amazonense,o Boi-Bumbá (originado a partir do bumba-meu-boi ), foi introduzida em Parintins por um negro descendente de escravos maranhenses, Lindolfo Monteverde, no auto do boi-bumbá são os protagonistas principais (além do boi...) pai Francisco e mãe Catirina (ambos negros).

A escola de samba pioneira de Manaus nascida no reduto negro da praça 14 , a Vitória Régia é também um destes pontos de visibilidade. Juntamente com o conhecido "barranco" e imediações onde ainda hoje residem muitas famílias negras...

A contribuição de afro-descendentes naturais do Amazonas ou aqui radicados no campo da cultura por vezes tem atingido proporções nacionais como o famoso compositor Chico da Silva, ou mesmo internacionais como grupos de capoeiristas amazonenses dando aulas na Coréia, Europa e Jamaica, além de diversos grupos de samba e interpretes consagrados em

outros ritmos como Cileno no Reggae, Elisa Maia no "pop black" e a família Kingston nos tradicionais repertórios de festas de formatura... ou ainda de artistas fortemente influenciados pela cultura negra como a internacional Marcia Siqueira e diversas bandas de reggae e grupos de HIP-HOP.

Religiosidade
Há farta documentação sobre a presença de cultos afro em Manaus desde fins do séc. XIX e a presença de milhares de terreiros nos dias atuais (segundo estimativas da Confederação Amazonense de Religiões de Matriz Africana, mais de 4.000 terreiros). A presença da religiosidade Afro já se faz sentir onde antes era ignorada ou em espaços anteriormente negados.

Durante o séc. XX novos fluxos migratórios da Pará e nordeste (notadamente Maranhão) trouxeram mais negros para o estado, além do constante trânsito de integrantes das forças armadas e familiares. 


Dentre os vários mitos regionais um é o da inexistência ou baixa presença de população negra, tal mito se mantém devido em parte a generalizados conceitos étnicos errôneos e principalmente à baixa produção bibliográfica sobre o tema no contexto regional e a não sistematização e disponibilização de dados até então dispersos, mas que uma vez

consolidados mostrarão uma realidade diferente do imaginário popular.
O Movimento Negro, conceitos Antropológicos e Histórico-Sociais bem como o IBGE (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA) definem população NEGRA (Afro-descendente) como sendo a soma dos auto-declarados de cor preta e parda, o que no caso do Amazonas reflete uma inexatidão devido ao fato da evidente origem indio-descendente da maioria dos “pardos” locais, o que não elimina o fato de que mesmo em minoria, significativa parcela dos pardos do Amazonas é Afro-descendente (O que pode e precisa ser determinado utilizando-se de pesquisas e técnicas de estatística populacional, mas até o momento não foi feito com respaldo e rigor científico).

- A população do Amazonas de acordo com o último censo do IBGE (2000) tem a seguinte composição no relativo a questão cor/raça :

AMAZONAS
Brancos 
Pretos
Pardos
Amarelos (e Indígenas)
24,8%
 3,7%
  65,7%
4,4%

Comparando apenas a população de cor preta com a Indígena, verifica-se “empate técnico” do ponto de vista estatístico, o que significa que dizer que “não há pretos no estado” seria o mesmo que dizer que “não há indígenas no Amazonas”..., sendo estes últimos considerados históricamente a base de origem populacional , mas há de se observar que população negra
não é apenas a de cor preta..., mas sim a soma de cor preta e parda..., ampliando então grandemente a representatividade dos afro-descendentes na população do estado.


Observando os dados gerais brasileiros nota-se que a população parda de origem Afro em todas as outras regiões do pais onde não ocorre esta peculiaridade, é “grossus modus” sempre de 4 a 6 vezes maior que a auto-declarada preta e na média nacional cerca de 7,5 vezes maior, em teoria não há motivos que indiquem que tal fenômeno não se repetiria no Amazonas , o que em hipótese faria com que a população parda de origem Afro no Amazonas fosse estimada na ordem de 22% da população o que somado aos 3,7% de pretos auto-declarados giraria em torno de 25% da população do estado (ou seja..., A MESMA PROPORÇÃO DE POPULAÇÃO "BRANCA", SEIS VEZES MAIS QUE A POPULAÇÃO INDÍGENA E A METADE DA POPULAÇÃO PARDA INDIO-DESCENDENTE), DESMONTANDO ASSIM O MITO DA INEXISTÊNCIA OU INSIGNIFICÂNCIA DA PRESENÇA NEGRA NO AMAZONAS.

Movimento Negro...
 movimento no Amazonas onde a presença da população negra é tímida e a descendência indígena na cultura e características é predominante. Quanto a isso França, responde: “A nossa luta é contra o racismo. Temos brancos, japoneses, índios. Todo o mundo que quer se

organizar e ter ações políticas contra o racismo tem o direito de se filiar e ajudar a gente neste trabalho”. União de Negros Pela Igualdade - UNEGRO e Associação do Movimento Orgulho Negro do Amazonas - AMONAM criam o "Grupo de Dança Afro Contemporânea Abi Omim",Amzonia Negra, FUCABEAM (Federação dos Cultos Afro Brasileiros do Estado do Amazonas) e outras ong e entidades.

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