UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Lutas Sócias nas primeiras décadas do Seculo XX : Revolta da Vacina...

Já sabemos que a abolição não trouxe grande prejuízo financeiro para os proprietários. Entretanto, os conflitos que ocuparam a polícia durante e depois do dia 13 de maio
denunciavam que, nem de longe, a Lei Áurea encerrava a tensão “racial” que a escravidão produzira, a história do Brasil, nos quais milhares na sua quase totalidade da população negra com fim da escravidão em 1888, e da monarquia em 1889,gerou instabilidade social e incertezas acerca do futuro do país comunidades em áreas pobres atingidas pela miséria. 

Com a abolição a sociedade não podia mais ser definida pela oposição entre senhores e escravos.Essa mudança social ameaçava a autoridade dos ex-senhores, em sua maioria brancos.Afinal, não era apenas o trabalho dos escravos que os proprietários perdiam,mas também a sua posição de mando parecia correr risco e gerou instabilidade social e incertezas acerca do futuro do país .Visando preservar a autoridade dos ex-senhores algumas providências foram tomadas providências foram tomadas.A necessidade de aumento dos contingentes policiais era tema cada vez mais freqüente nos editoriais jornalísticos e debates políticos nos meses que se seguiram a abolição. Chefes de polícia, delegados, jornalistas e deputados, s, dentre outros, imaginavam que a extinção do cativeiro pudesse despertar“ódios raciais”.

História:
Eles temiam que os negros interpretassem o fim da escravidão como oportunidade para contestar as desigualdades .Traduzia-se, assim, o desejo de manutenção de preconceitos raciais, de práticas autoritárias e de relações de dependência que haviam sustentado por tanto tempo a sociedade escravista...

O estatuto de pureza do sangue limitava o acesso determinados grupos sociais, como ciganos, indígenas, negros e mulatos a cargos públicos, e a certas irmandades. Desse modo eram garantidos os privilégios da nobreza.      Desde meados do século XIX a febre amarela e a varíola se tornaram endêmicas no Brasil.Logico que as políticas sanitárias não escaparam da lógica racial que orientava. Foi o que se notou, por exemplo, em relação ao controle da

febre amarela. Entre 1850 e 1904.essa doença vitimou no Rio de Janeiro principalmente a população branca, em especial imigrantes estrangeiros. Essa grande incidência de estrangeiros acometidos com a febre amarela desencorajava a imigração européia. Por isso acabar com ela virou prioridade dos sanitaristas. Já a tuberculose, que fazia mais mortes entre os negros, não teve a mesma atenção.

- Além disso, o número de vítimas das epidemias reforçava a idéia de que o Brasil era um país insalubre. O clima quente e as precárias condições de higiene comprometiam ainda mais as expectativas de que “grandes levas de europeus viessem depurar” o sangue brasileiro, como lamentou um político da época.

Medo, revolta de injeção
Os jornais, também carregados de preconceitos, incansavelmente, exigiam que fossem tomadas providências contra o que denominavam de “antros de imundície e desordem”. Julgava-se ser fundamental distanciar, social e geograficamente, essa população do centro da cidade, que também era o palco das decisões.políticas nacionais. Quando, em janeiro de 1893, na cidade do Rio de Janeiro, o cortiço conhecido por Cabeça de Porco foi destruído e esses moradores foram jogados dos cortiços para o relento; os jornalistas elogiaram a ação do prefeito Barata Ribeiro. Jornalistas, médicos, políticos e a polícia enxergaram naquela demolição um investimento na saúde e na segurança pública, e ficaram indiferentes à sorte dos moradores negros e pobres.

A revolta popular  das “Classes Perigosas”, como se referiam na época pessoas regressos da escravidão ou descendentes de escravo...

Revolta da Vacina foi uma revolta e manifestação popular ocorrida entre 10 a 16 de novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro, Brasil . O início do período republicano no Brasil foi

marcado por vários conflitos e revoltas populares. O motivo que desencadeou isso foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a varíola.

Se liga:
Foram as pessoas expulsas de cortiços, como o Cabeça de Porco, que passaram a habitar os morros, criando as favelas.


"Tiros, gritaria, engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte público assaltado e queimado, lampiões quebrados às pedradas, destruição de fachadas dos edifícios públicos e privados, árvores derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz" (Gazeta de Notícias, 14 de novembro de 1904).

A campanha de vacinação obrigatória é colocada em prática em novembro de 1904.O motivo não eram filantrópico mais beneficiaria   positivamente a população, mais foi i aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força, provocando revolta nas pessoas. Essa recusa em ser vacinado acontecia, pois grande parte das pessoas não conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus efeitos.

A resistência popular, quase um golpe militar, teve o apoio de positivistas e dos cadetes da Escola Militar. Os acontecimentos, que tiveram início no dia 10 de novembro de 1904, com uma manifestação estudantil, cresceram consideravelmente no dia 12, quando a passeata de manifestantes dirigia-se ao Palácio do Catete, sede do Governo Federal. A população estava alarmada. No domingo, dia 13, o centro do Rio de Janeiro transforma-se em campo de batalha: era a rejeição popular à vacina contra a varíola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina, mas que foi muito além do que isto.

Para entender melhor os sangrentos dias de novembro vamos recuar novamente um pouco mais no tempo e ver como andavam as coisas no Rio, na virada do século 19 para o 20. Na época, a maioria dos moradores tinha motivos de sobra para reclamar da vida em geral e do governo em particular. Faltava tudo, desde empregos até esgoto, saneamento básico e
moradia. Cerca de 50% da população vivia de bicos ou serviços domésticos, se não era simplesmente desocupada. O censo de 1890 mostrou que havia 48,1 mil pessoas de “profissão desconhecida” ou desempregada – quase 10% do total de habitantes.

Para erradicar a varíola, o sanitarista Oswaldo Cruz convenceu o Congresso a aprovar aLei da Vacina Obrigatória (31 de Outubro de 1904), que permitia que brigadas sanitárias, acompanhadas por policiais, entrassem nas casas para aplicar a vacina à força foi o estopim da revolta: no dia 5 de novembro, a oposição criava a Liga contra a Vacina Obrigatória. Entre os dias 10 e 16 de novembro, a cidade virou um campo de guerra. A população exaltada depredou lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou trilhos, quebrou postes e atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro. No dia 14, os cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha também se sublevaram contra as medidas baixadas pelo Governo Federal

Oswaldo Cruz que tinha pouquíssima sensibilidade política , o projeto de regulamentação sai cheio de medidas autoritárias. O texto vaza para um jornal. No dia seguinte à sua publicação, começam as agitações no centro da cidade. A população não foi informada sobre a necessidade da vacina. Diversos setores da sociedade reagiram à vacina obrigatória: havia os que defendiam que a aplicação de injeções em mulheres era imoral, ou que a obrigatoriedade ia contra a liberdade individual. Outros, não compreendiam como uma doença poderia ser evitada com a introdução de seu próprio vírus no corpo.

Financiados pelos monarquistas que apostavam na desordem como um meio de voltar à cena política , jacobinos e florianistas usam os jornais para passar à população suas idéias conspiradoras, por artigos e charges. Armam um golpe de Estado, a ser desencadeado

durante o desfile militar de 15 de novembro. Era uma tentativa de retornar aos militares o papel que desempenharam no início da República. Mas, com a cidade em clima de terror, a parada militar foi cancelada. Lauro Sodré e outros golpistas conseguem, então, tirar da Escola Militar cerca de 300 cadetes que marcham, armados, para o palácio do Catete.


A população estava confusa e descontente. A cidade parecia em ruínas, muitos perdiam suas casas e outros tantos tiveram seus lares invadidos pelos mata-mosquitos, que agiam acompanhados por policiais. Jornais da oposição criticavam a ação do governo e falavam de supostos perigos causados pela vacina. Além disso, o boato de que a vacina teria de ser aplicada nas "partes íntimas" do corpo (as mulheres teriam que se despir diante dos vacinadores) agravou a ira da população, que se rebelou.

O confronto com as tropas governamentais resulta em baixas dos dois lados, sem vencedores. O governo reforça a guarda do palácio. No dia seguinte, os cadetes se rendem, depois que a Marinha bombardeara a Escola Militar, na madrugada anterior. No dia 16, o governo revoga a obrigatoriedade da vacina, mas continuam os conflitos isolados, nos bairros

da Gamboa e da Saúde. Dia 20, a rebelião está esmagada e a tentativa de golpe, frustrada. Começa na cidade a operação limpeza, com cerca de 30 mortos , 110 feridos, 1 000 detidos e 460 deportados

A rebelião foi contida, deixando 30 mortos e 110 feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, enviadas para o Acre.  


- Ao reassumir o controle da situação, o processo de vacinação foi reiniciado, tendo a varíola, em pouco tempo, sido erradicada da capital.


"Curiosidade: O cientista Carlos Chagas, que mais tarde descobriria a causa do mal de Chagas."

Em 1907, de volta de uma exposição na Alemanha, onde fora premiado por sua obra de combate às doenças, Cruz sente os primeiros sintomas da sífilis. Envelheceu rapidamente: aos 30 anos, tinha já cabelos brancos. A sífilis causou-lhe insuficiência renal. Mais tarde, surgiram problemas psíquicos. Os delírios se intensificaram e conta-se que muitas vezes foi

visto à noite, vagando solitariamente pelas dependências do Instituto Manguinhos, que ele próprio ajudara a projetar, em 1903, e que receberia o nome de Instituto Oswaldo Cruz, em 1908.

Em 1916, foi nomeado prefeito de Petrópolis. A cidade, envolvida em disputas políticas, não

recebe bem a nomeação. Oswaldo Cruz morreu, em 11 de fevereiro de 1917, com uma passeata de protesto em frente à sua casa.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

Fonte:A revolta da vacina - SUPERINTERESSANTE. super.abril.com.br. Página visitada em 2009-05-14/Wikipédia, a enciclopédia livre/.BOMFIM, Manoel. O Brasil na América. 2ª ed. Rio de Janeiro: Topbooks, 1987.CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados – o Rio de Janeiro e a República que não foi.
São Paulo: Companhia das Letras, 1987.CHALHOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial. São Paulo:Companhia das Letras, 1996.CUNHA, Euclides da Cunha. Os Sertões (várias edições).
GUIMARÃES, Antônio Sérgio. Racismo e anti-racismo no Brasil. São Paulo: Fapesb;Editora 34, 1999.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças – cientistas, instituições e questão racial no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.VILLA, Marco Antonio. Canudos: o povo da terra. São Paulo: Ática, 1995

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