UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sábado, 12 de julho de 2014

Mídia Racismo e Branquitude : Representações...


Enquanto uma classe normalmente só pede informação à televisão,porque vai buscar em
outra parte o entretenimento e a cultura, no esporte, no livro e no concerto, outras classes pedem tudo isso só à

Televisão:
As instituições como a família, escola e religião, enfim, a sociedade, encarregam-se de transmitir os valores que já estão formulados e perpetuados, de geração a geração. A propagação dos estereótipos negativos em relação ao negro está presente na História, arraigados na cultura brasileira e se disseminam de várias formas.

As crenças embasadas e defendidas pelas teorias racistas perpetuam as relações humanas, até hoje. É importante ressaltar que, cientificamente, a biologia desconhece a hierarquização das chamadas a raça humanas”, não obstante, sociologicamente, no imaginário coletivo da sociedade, a hierarquia racial permanece.

A Comunicação aproxima os povos e promove mudanças. É, sem dúvida, a área do conhecimento que movimenta a História da humanidade com o poder de integrar o tempo e o espaço. Mais do que emitir e receber mensagens, o ato de comunicar-se concretiza me dações e, portanto, instiga a formulação do pensamento crítico negavelmente, o exercício dessa consciência crítica nos faz constatar a persistência do racismo na sociedade, historicamente respaldado por sistemas políticos, educacionais, religiosos, culturais. Porém,a história também registra ações de resistência dos indivíduos e demonstra, que o estabelecimento de redes de solidariedade é um dos caminhos que levam à eliminação do racismo e favorecem o respeito à diversidade.

Os estudos comprovam que a telenovela, muito mais que entretenimento, é um espaço de informação que propicia reflexões sobre temas polêmicos da sociedade, como homossexualidade, racismo, drogas e violência, entre outros. A telenovela brasileira, por exemplo, tem características específicas, o que a diferencia do modelo tradicional no qual muitos autores limitam-se à fantasia e ao melodrama. Os dramaturgos brasileiros vão além e, por intermédio da telenovela, têm trazido à tona discussões sobre muitos conflitos sociais presentes no cotidiano,os quais fazem parte da realidade brasileira. A discussão sobre as relações raciais tem conquistado espaço nos meios de comunicação, na televisão, na

publicidade, enfim, na mídia,e, ainda que de maneira restrita, os negros vêm conquistando seu espaço. Nas telenovelas, por exemplo, embora timidamente, o negro tem marcado sua presença, e situações típicas de relações inter-raciais, como miscigenação, racismo, discriminação, preconceito, branqueamento e branquitude, têm sido representadas e, algumas vezes, discutidas.

Esteréotipos:
É comum na telenovela o negro aparecer de forma estereotipada. “Isto é, colhem-se aspectos do real já recortados e confeccionados pela cultura”. O processo de estereotipia apodera-se da vida mental dos indivíduos. São os estereótipos, arraigados na cultura brasileira,construídos ainda na época da escravidão, baseados em teorias racistas,que perpetuam até os dias atuais, que estão presentes no imaginário da
sociedade, e podem ser identificados também na ficção.

As situações polêmicas envolvendo negros e brancos, algumas vezes,saem da telenovela para continuar no mundo real.Temas como miscigenação, racismo, preconceito, branqueamento e branquitude, mesmo que
não intencionalmente, têm sido retratados por alguns autores. Pode-se destacar, neste caso, uma das mais polêmicas telenovelas a abordar, até hoje, a questão do racismo abertamente: Pátria Minha, de Gilberto Bragaque foi ao ar em 1994, pela Rede Globo. A atitude do personagem vivido por Tarcísio Meira (branco), um homem autoritário e preconceituoso, rendeu na vida real problemas para a emissora e para o
autor da obra teledramatúrgica, pois as cenas vividas por Raul Pelegrini (Tarcísio Meira) e seu jardineiro, o rapaz negro Kennedy (AlexandreMoreno), chocaram o País. O personagem de Tarcísio Meira afirma em
seu discurso que existe uma hierarquia entre o cérebro do negro e do branco, ou seja, o negro seria inferior ao branco. Tal comportamento é característico do racista, pois a personagem apodera-se de diferenças
biológicas e físicas para forjar uma suposta hierarquia racial.

Diante dos fatos pode-se constatar que há uma propagação da ausência de uma memória positiva em relação ao negro, perpetuando se, cada vez mais, uma memória (coletiva) repleta de dados incorretos
Tal afirmação reforça-se nas palavras de LeGoff quando aborda a relação entre memória e poder.
A memória coletiva foi posta em jogo de forma importante na luta das forças sociais pelo poder. Tornar-se senhores da memória e do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes, dos grupos, do sindivíduos que dominaram e dominam as sociedades históricas.Os esquecimentos e os silêncios da história são reveladores desses mecanismos de manipulação da memória coletiva.

Se liga:
Historicamente, foi introjetada no negro a idéia de inferioridade e, em contrapartida, o branco “europeu”” foi colocado como modelo universal da raça humana. Esta concepção, durante muito tempo, foi difundida e reforçada em estudos ditos científicos.

(...) o lugar do negro é o seu grupo como um todo e do branco é o de sua individualidade.
Um negro representa todos os negros. Um branco é uma unidade representativa apenas de si mesmo. Não se trata,
portanto, da invisibilidade da cor, mas da intensa visibilidade da cor e de outros traços fenotípicos aliados a estereótipos sociais e morais, para uns, e a neutralidade racial, para outros.

É comum o negro não ser considerado um indivíduo, e sim a representação coletiva de um grupo marcado por uma estereotipia negativa. É isso que se vivencia no mundo real e é representado na ficção. De forma consciente, ou não, a reprodução dos estereótipos e, conseqüentemente, o racismo e a branquitude estão presentes na televisão.

Emissoras condenadas:
A Rede TV Record de Televisão e a Rede Mulher foram condenadas a exibir, por sete dias consecutivos, um programa de TV, com uma hora de duração, produzido pelo CEERT e pela INTECAB, em que se exerceu o direito democrático de resposta e de esclarecimento contra as acusações infundadas.A decisão judicial foitomada pela juíza Marisa Cláudia Gonçalves Cucio, da 5ª Vara FederalCível de São Paulo, em 12 de maio de 2005.

Os círculos concêntricos da violência...


O estudo da escrita dramatúrgica do filme Cidade de Deus, dirigido por Fernando Meirelles, em 2002, objetiva uma leitura crítica com a finalidade de se observar as implicações e estrutura do roteiro.O filme Cidade de Deus de grande repercussão junto ao público e crítica brasileiros e internacional suscita amplo campo de discussão do papel das representações e estereótipos do negro na sociedade atual segundo o teórico britânico Raymond Williams, “o que o sociólogo ou o historiador cultural estudam são as práticas sociais e as relações culturais que produzem não só ‘uma cultura’ ou ‘uma ideologia’ mas, coisa muito mais significativa, aqueles modos de ser e aquelas obras dinâmicas e concretas em cujo interior não há apenas continuidades e determinações constantes, mas também tensões, conflitos, resoluções e soluções, inovações e mudanças reais”Tendo em vista o pressuposto teórico de uma sociologia da cultura que evidencie as relações sociais nas obras de arte, faz-se necessário analisarmos de que forma Cidade de Deus incorpora material social preexistente modificando-o de acordo com o conceito de “mediações”, introduzido por Williams.
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Nossa:Vida é ainda muito difícil...
Mais de trinta anos de História e mobilizações sociais se passaram perceba-se, no entanto, que no mundo da mídia (novelas, filmes, séries e publicidade em geral) há apenas algumas poucas figuras que representam, em físico e em comportamento, o homem negro e a mulher negra. Não é um fenômeno exclusivo do Brasil, o negro principalmente na publicidade, é

retratado em imagem sempre das mesmas formas: socialmente carente, trabalhador braçal, malandro ou atleta. Também é engraçado perceber que o cabelo do negro na mídia possui apenas três variações: black power, ou com trancinhas ou curto quase raspado. Fora desses padrões o negro homem sempre é mostrado de cabeça raspada. Alguns podem argumentar que essas são as únicas opções possíveis, mas dizer isso só revelaria ignorância quanto ao visual do negro no cotidiano. Que visual é esse? Não existe um padrão, simples assim.

.que a Rede Record resolveu reinvestir na produção de Escrava Isaura – antigo sucesso da Rede Globo baseado no livro homônimo de Bernardo Guimarães que, com o perdão dos herdeiros, não acrescentou nada à Literatura nacional. Pretendia ser um libelo contra a escravidão, mas, ao final, evidencia todo um ranço racista – próprio do século XIX, aliás – ao deixar claro que a heroína merecia a liberdade por ser uma escrava especial – prendada, bonita e... branca – e não pela injustiça do sistema escravista em si.


Finalizando: Mídia, Educação e Movimentos Negros...
A existência de uma Imprensa Negra em São Paulo, no início do século XX, é um dos exemplos da indignação que toma conta dos participantes dos cursos de formação, iniciados a partir da lei 10.639/03 . Muitos(as) professores(as) de História perguntam-me: “por quê nunca me ensinaram isso?
A posse da informação demanda a busca do conhecimento. Como negar as dificuldades dos brasileiros em tratar e enfrentar situações de preconceito e de racismo? Como reverter os indicadores de exclusão registrados nas pesquisas oficiais do governo, que demonstram a desigualdade econômica e de acesso a direitos dos afro-brasileiros? Qual deve ser o papel da educação e dos meios de comunicação para a construção da igualdade de direitos entre brancos e negros, homens e mulheres?

Nos da UNEGRO no Brasil centralizaram suas reivindicações no campo da Educação; nos espaços culturais‘territórios’ de comunidades tradicionais negros (quilombos), e a comunidades tradicionais das religiões (terreiros de candomblé);esporte e etc...Temos apostado na difusão dos fatos históricos. A atual reivindicação de cotas raciais nas universidades públicas ganha espaço nas páginas dos jornais, revistas de opinião, programas de rádio e televisão. Tamanha visibilidade não significa a tomada de consciência da sociedade da existência de uma intervenção constante, capaz de transformar a historia.

A prática do conceito advocacia demanda o estabelecimento de redes e foruns capazes de ampliar as questões de interesse do grupo. Assim, a grande mídia tem poder para difundir estereótipos contra os negros,os telespectadores, organizados, podem, conscientes da legislação e de seus direitos, protestar e modificar tal situação. Atuar sobre um poder, por vezes mais simbólico do que real, sobre crenças de supremacia branca, sobre valores “neutros” e “transparentes” é um esforço igual ou talvez maior do que o que se despende para apagar das mentes de pessoas discriminadas as marcas do preconceito, do medo, da insegurança e da desigualdade... Porém, no que diz respeito aos meios de comunicação, devemos nos conscientizar da nossa capacidade de intervir enquanto mediadores, refutando e recusando preconceitos e estereótipos.cabe ressaltar que o cenário atual no qual o negro

possui “visibilidade” é um espaço que só faz perpetuar preconceitos e estigmas. É difícil fazer um prognóstico dessa situação, mas ao que tudo indica ela não tende a melhorar tão cedo. A cada ano que passa novas camadas de racismo mascarado envolvem essa redoma de desrespeito ao negro como humano.

Um afro abraço.

fonte:ARAÚJO, Joel Zito. A negação do Brasil: o negro na telenovela brasileira. SP:Senac. 2000.BACCEGA, M.A. & Couceiro, S.M. Manipulação e construção da identidade da África negra na imprensa brasileira. São Paulo: ECA-USP, 1992. (mimeogr.).BASTIDE, Roger. “Estereótipos de negros através da literatura brasileira”.In: Boletim de Sociologia. São Paulo: FFLCH-USP, 1953. p. 7.http://midiaetnia.com.br/wp-content/uploads/2011/10/revista_sime.pdf




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