UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Brasil e Moçambique...

Ao longo dos seus quatro séculos de presença em território africano, a primeira vez que Portugal teve que enfrentar guerras de independência, e forças de guerrilha, foi em 1961, na Guerra de Independência de Angola. Em Moçambique, o conflito começou em 1964, resultado da frustração e agitação entre os cidadãos moçambicanos, contra a forma de administração estrangeira, que consideravam ser exploratória e de maus tratos, e que só defendia os interesses econômicos portugueses na região. Muitos moçambicanos ressentiam-se das políticas portuguesas em relação aos nativos, que eram discriminatórias, tradicionais e que limitavam o acesso à educação, ministrada pelos portugueses, e ao emprego qualificado. Influenciados pelos movimentos de autodeterminação africanos do pós-guerra, muitos moçambicanos tornaram-se, progressivamente, nacionalistas e, de forma crescente, frustrados pelo contínuo servilismo da sua nação às regras exteriores. Por outro lado, aqueles moçambicanos mais cultos, e integrados no sistema social português implementado em Moçambique, em particular os que viviam nos centros urbanos, reagiram negativamente à vontade, cada vez maior, de independência. Os portugueses estabelecidos no território, que incluíam a maior parte das autoridades, responderam com um incremento da presença militar e com um aumento de projectos de desenvolvimento...

RIO - Os velhos baobás africanos suscitam a impressão de serem testemunhas de tempos imemoriais. Segundo a crença, eles proporcionam bênção. Não à toa os baobás são uma das poucas espécies preservadas em Moçambique e é sob sua sombra que decisões são tomadas, negócios são fechados e pedidos são feitos. A crendice tem ajudado os moçambicanos a superar enormes adversidades. É que o país esbanja riqueza natural, mas convive com indicadores socioeconômicos nada auspiciosos.

Um desafio comum, uma língua em comum e uma solução comum: assim é a cooperação Sul-Sul para aumentar o controle de armas em Moçambique.

Quando a Guerra civil chegou ao fim em 1992, o governo de Moçambique prometeu livrar o país das armas de fogo. Apesar de bem-sucedidas campanhas terem retirado mais de 260 mil armas das mãos dos ex-combatentes, cerca de 1,4 milhão de armas continuam circulando ilegalmente no país.

Em resposta a esse desafio, o governo de Moçambique se comprometeu a aumentar o controle sobre os estoques de armas do Estado e da população civil. Assinada em 2007, a Lei de Controle de Armas moçambicana forneceu as bases legais para acelerar esses esforços. A lei unificou a legislação sobre controle de armas do país refletindo as obrigações do governo com as convenções regionais e internacionais que tratam do tema.

O problema, no entanto, é que só existem 5000 armas de fogo registradas nas bases de dados do governo e, como o acesso e a análise dos dados relativos a armas de fogo no país são limitados, responsabilizar os donos de armas de fogo tem sido difícil.
O país está entre os cinco piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo, de 0,47, convive com um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de US$ 450, a expectativa de vida é de 52 anos, 66% da população são analfabetos e, para completar o quadro, mais de 10% dela têm o vírus HIV.Foi no século XV que os colonizadores portugueses desbravaram a costa oriental da África — durante viagem de Vasco da Gama rumo à Índia. Recentemente, especialmente nos últimos dez anos, o quadro mudou. Moçambique vem sendo revisitado, só que agora por empresas brasileiras. Com projetos superiores a US$ 770 milhões, o Brasil se tornou, este ano, o maior investidor estrangeiro, superando Portugal

Aos olhos dos moçambicanos, a redescoberta do país pelo Brasil é vista como uma forma de apaziguar a miséria. Os investidores, por sua vez, estão ávidos mesmo é pela real possibilidade de expansão comercial e, sobretudo, esperam que o país seja uma espécie de
trampolim para mercados mais pujantes, como é o caso da China.

A savana moçambicana é vista como ‘sob medida’ para os agricultores brasileiros. A primeira razão é a semelhança climática com o cerrado. A segunda é que o programa de cooperação Pró-Savana, da Embrapa, repete o modelo Brasil-Japão, que mudou o cenário no Centro-Oeste brasileiro com a implantação de monoculturas voltadas à exportação.

— Estão reproduzindo exatamente a mesma fórmula do cerrado brasileiro. Calculamos as mesmas consequências futuras. Este modelo implica uma série de mudanças sociais em relação aos pequenos produtores rurais e cria para o país a dependência em relação ao preço de algumas commodities específicas  como a soja — afirma a cientista política Ana Saggioro Garcia, doutora em relações internacionais pela PUC-Rio, comentando que outro foco de inquietação é a tão esperada geração de emprego. — Não há mão de obra local capacitada, o que faz as multinacionais importarem funcionários. E quem chega ganha salário mais alto do que os moçambicanos, o que gera bastante inquietação.
A mudança na paisagem de Moçambique já está em curso. As machambas — como são conhecidas as roças familiares dos moçambicanos — já estão disputando espaço com grandes plantações de florestas, especialmente eucaliptos e pinus. A previsão do governo do presidente Armando Guebuza é que, já no próximo ano, grandes produções agrícolas passem a mudar definitivamente o cenário do país.
— Nosso papel é desmistificar. Tudo está por ser feito e Moçambique ainda opera com espasmos de economia organizada. É um trabalho de formiguinha, de conhecimento — afirma Shalom Confessor, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Moçambique, com sede no Espírito Santo, para quem as oportunidades se espalham do setor de pedras ornamentais ao da beleza feminina.

Há agricultores brasileiros, porém, que não acham o negócio tão bom assim. Acostumados a serem donos das terras, muitos se sentem pouco à vontade para cultivar áreas que, no fim das contas, não são de sua propriedade, embora possam atuar por um século. Alegam ainda a dificuldade de, sem título da propriedade, obter crédito para tocar lavouras dispendiosas, como a do algodão, que consome toneladas de pesticidas. No fim das contas, resta ainda preocupação com a estabilidade política do país.

Nova fronteira agrícola do mundo, Moçambique tem 36 milhões de hectares de terra arável, dos quais cinco milhões são explorados, sem contar as terras com potencial de irrigação. Nada menos que 80% de sua população, de 23 milhões de habitantes, vivem no campo, mas o modelo é o de agricultura de subsistência. Apenas 3% da produção agrícola é comercializada. O resultado é que o país não produz o suficiente para alimentar sua população. Só de arroz, importa 360 mil toneladas por ano, o equivalente a cerca de 40% do que consome.

— O problema não é somente ambiental, mas também social. O modelo convencional de agricultura, dependente de insumos externos, como adubos e agrotóxicos, endivida pequenos agricultores — avalia a agrônoma paulista Flávia Londres, que esteve em Moçambique, em outubro.
A discussão está causando rebuliço no país. A União Nacional de Camponeses de Moçambique publicou, recentemente, uma carta analisando o Pró-Savana. Os agricultores reclamam de falta de informação e transparência dos governos envolvidos e questionam a expropriação de camponeses que vêm ocorrendo, criando levas de sem-terra que não existiam no país.

Não se pode negar que a chegada de empresas brasileiras e de outras nacionalidades acelera o crescimento econômico. Mas, para o pesquisador moçambicano Marques Rafael, a relação entre os dois países pode se converter num modelo de neocolonialismo:

— Antes, sabíamos quem eram nossos dominadores. Agora, o país está aberto a empresas e ao capital estrangeiro


A história de Moçambique está sendo reescrita e, segundo a Ernst & Young, os novos capítulos dessa história incluem “crescimento econômico, progresso, potencial e rentabilidade”. A presença do Brasil em Moçambique está inserida nesta reviravolta.


Um afro abraço.
fonte:PNUD/ Infoglobo Comunicação e Participações S.A/wikipedia.org/

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