UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sábado, 9 de junho de 2012

Contos Africanos II: "A Jabulana e o Leão"

Uma lenda africana diz que o homem chegou à Terra escorregando pelo pescoço de uma girafa, vindo do céu; mais isto e outra historia... Jabulani e o Leão.
Há muitas e muitas luas, no tempo em que as pessoas conversavam com os animais, vivia um menino chamado Jabulani. Ele fazia parte dos suázipovo muito corajoso que mora em uma região da África cheia de altas montanhas e florestas. Na língua do seu povo, Jabulani significa “aquele que traz felicidade”. E foi exatamente isso que sua mãe e seu pai sentiram quando ele chegou ao mundo, em uma manhã quente de janeiro: Jabulani seria alguém especial que traria muito amor a todos. Desde pequeno, Jabulani gostava de ajudar todo mundo. Sentia uma felicidade imensa no coração quando isso acontecia. Para ele, era como se uma pequena mágica ocorresse: ajudar fazia a outra pessoa se sentir melhor, possibilitava que algo bom acontecesse, tornava Jabulani e o mundo mais felizes. Seu avô dizia que esta era uma das mágicas mais poderosas que o ser humano sabia e podia fazer. Um belo dia, Jabulani andava contente da vida pela floresta, depois de brincar com seus amigos. Quando atravessava uma pequena clareira, ouviu uma voz muito triste, pedindo: - Socorro, alguém me ajude, por favor... Preciso sair daqui! Depois de muito procurar de onde vinha aquela voz tão chorosa, Jabulani descobriu. Ali, no meio do mato, havia uma velha armadilha escondida por um caçador. Dentro, quem estava? Um leão enorme, muito chateado. - Senhor leão, eu sou Jabulani – apresentou-se com prontidão o menino. - O que aconteceu com o senhor?
- Oh, até que enfim alguém apareceu neste triste lugar – o leão suspirou aliviado. – Menino, estou preso aqui quase um dia inteiro. Tenho muita sede e fome. Por favor, me ajude a sair – e fez uma cara de dar dó. Jabulani gostava muito de ajudar, mas não era bobo não. Sabia que tinha de tomar cuidado e, se soltasse o leão, ele poderia atacá-lo e comê-lo com uma dentada só. - Senhor leão, entendo sua situação, mas tenho medo. Como me disse que está com muita fome, quem me garante que o senhor não vai sair da armadilha e me comer? - Eu não faria uma coisa dessas com você, meu rapaz! Como eu poderia atacar o meu salvador? Isso não seria certo. Eu prometo que não farei mal a você. Jabulani pensou, pensou e pensou, e decidiu confiar no leão. Afinal, ele havia prometido. E promessa é promessa! - Ta bom, ta bom! Eu vou confiar na promessa do senhor – Jabulani chegou perto da armadilha e puxou a corda que mantinha a porta fechada. O leão saiu da armadilha, suspirou, espreguiçou-se e esticou as patas, afinal, ele havia ficado muito tempo preso em um lugar pequeno e as pernas estavam dormentes. Depois disso, virou-se lentamente e olhou bem fundo nos olhos do menino. - Jabulani, preciso beber um bom gole de água no rio antes de comer você! Jabulani não acreditou no que o leão falava, achou que ele estava mangando. Não podia ser verdade. - O senhor está brincando? Só pode ser isso, não é? – perguntou o menino com um sorriso de medo no cantinho da boca. O leão olhou bem sério: - Não, não estou não. Você vai beber água comigo e depois vou te comer. Estou com muita fome. - Mas o senhor prometeu que não faria isso comigo! O senhor prometeu – gritou Jabulani.
O leão coçou a cabeça e respondeu: - Prometi, sim, você tem razão. Mas promessa feita por alguém que está com muita fome, na hora do desespero, não conta. Por isso, acho que é justo comer você! Assustado, Jabulani tomou coragem e falou bem alto, com toda a força dos seus pequenos pulmões: - Não é justo, não! Eu ajudei o senhor! Não se pode fazer isso com alguém que nos ajuda. Vamos perguntar a opinião dos outros animais da floresta e saber quem tem razão. O leão estava com fome, mais não queria ser injusto. Não queria ficar com dor na consciência. Por isso, era melhor ouvir a opinião dos outros. - Tudo bem, tudo bem. Se algum deles achar que minha decisão não é correta, eu o deixarei partir. Mas façamos a coisa rapidamente, porque minha barriga está roncando demais. Quando estavam subindo a ladeira, depois de beber água no rio, Jabulani e o leão encontraram um velho burrinho magro e sem dente, tentando arrancar um capim seco. - Senhor burro, boa tarde! Precisamos ouvir sua opinião sobre um caso de vida ou morte. - Pois não. Diga menino! Então Jabulani contou toda a história para o burro: como havia encontrado e salvado o leão e como agora ele, muito ingrato, queria comê-lo. - O senhor acha justo? O burrinho ficou em silêncio, pensando no que iria responder. Depois de um tempo que pareceu grande, mas tão grande para Jabulani, o burrinho tossiu, limpou a garganta e respondeu:
- Acho justo sim, muito justo que o leão coma você. Afinal, ele está com fome e vocês, seres humanos, não pensam duas vezes antes de sacrificar um animal quando assim o desejam – e olhou para Jabulani com uma mistura de raiva e tristeza. – Vejam a minha situação. Trabalhei a vida toda para um homem que cuidou de mim enquanto fui útil para ele. Eu carregava dia e noite nas minhas costas tudo o que ele precisava. Mas depois que fiquei velho e mal consigo me alimentar sozinho ele me abandonou aqui na floresta para que eu morra de fome. Você acha isso justo? Jabulani abaixou a cabeça e disse um “não” bem baixinho. Ele não achava justo o que tinham feito contra o burrinho, mas por que ele tinha de morrer por causa dos erros de outros homens? Então o leão se virou para Jabulani e falou: - Veja, ele me deu razão. Vamos acabar logo com isso – e levantou as garras para atacar o menino. - De jeito algum, o burro é somente “um” animal. Vamos perguntar para outros. Contrariado, o leão concordou resmungando e Jabulani suspirou de alívio. Depois eles encontraram uma vaca pastando. Jabulani e o leão a cumprimentaram e o menino logo contou a ela o caso todo da armadilha. A vaca fez um “Mmuu” bem bravo e falou: - Os seres humanos são muito egoístas, só pensam neles. Para mim, são todos iguais! Nós, vacas, damos o nosso melhor leite para vocês. Puxamos o arado para que vocês possam plantar as sementes. E o que vocês fazem quando chegamos á velhice? Nos matam, nos comem e usam o nosso couro para a roupa. Por isso, acho que o leão está correto em te comer. Nada mais justo do que um animal com fome comer sua presa. Vocês, seres humanos, agem da mesma forma ou até muito pior conosco, animais. Jabulani pensou: “Acho que estou perdido e nunca mais vou voltar para minha casa, nunca mais vou ver meu pai, minha mãe, meus irmãos, meus amigos... Nunca mais!” Sem esperanças, Jabulani ainda contou a história da armadilha para um grupo de veados, depois para dois pássaros, uma hiena e três coelhos. E todos concordaram que o leão devia comê-lo! Quando o leão já estava se preparando para saborear o garoto, eis que aparece, como quem não quer nada, um pequeno chacal. - Deixe-me perguntar para ele, senhor leão. Só para ele. - Pois será o último e não insista mais – decretou o leão. Então, Jabulani chegou perto do chacal e contou toda a história. O chacal fez várias perguntas e, com cara de bobo, disse para os dois: - Não sei se entendi direito. Para dar minha opinião, precisaria ver melhor como as coisas aconteceram. Levem-me até a armadilha! E foi assim que Jabulani e o leão fizeram. Quando chegaram ao lugar o chacal perguntou:
- Sei não – coçou a cabeça. – Não consigo entender com o leão entrou nesta armadilha. Ela parece tão pequena para um leão tão grande e forte. Cansado e com muita fome, o leão nem pensou: - Ta bom, ta bom... Vamos logo com isso. Eu vou entrar lá para você ver – e de um pulo entrou na armadilha. Então, Jabulani correu e com um único movimento soltou a corda. A grade da armadilha se fechou rapidamente. Confuso, o leão não entendeu o que havia ocorrido. Com o coração apertado, Jabulani deu uma última olhada para o leão presto e foi embora para cara. E o chacal desapareceu como um fantasma na mata. Um afro abraço. fonte:www.slideshare.net/erikavecci1/contos-africanos.

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